Cecília Olliveira: O que leva policiais a se tornarem milicianos
O Ilustríssima Conversa recebe Cecília Olliveira, jornalista especializada em segurança pública e diretora do Fogo Cruzado, instituto que monitora tiroteios e produz dados sobre a violência armada. Em seu primeiro livro, Olliveira analisa as origens e as transformações das milícias do Rio de Janeiro, desde os esquadrões da morte da ditadura militar. A autora diz que, nas últimas décadas, as milícias ampliaram tanto seu leque de atividades quanto as áreas que dominam, mas não abandonaram a sua essência, as execuções. "Como Nasce um Miliciano" defende que essas organizações criminosas inventaram um modelo de negócio muito sofisticado, que pode se expandir para o resto do Brasil, e que as milícias não devem ser entendidas como um poder paralelo. Na verdade, ela diz, estamos diante de parcelas do próprio Estado que agem com o crime e para o crime. Nesta entrevista, a jornalista fala sobre a responsabilidade do governo estadual na expansão das milícias, a falta de uma política consistente de segurança pública no Rio e a necessidade de uma maior participação do governo federal na área. Olliveira também discute as razões que levam um policial a se transformar em miliciano. A autora explica as falhas na formação dos oficiais e diz que, hoje, o dinheiro pode importar menos que o desejo de parar de receber ordens e ser humilhado em quartéis para, como parte das milícias, ter status social e afirmar ideais de honra, masculinidade e virilidade. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Lucas Monteiro e Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
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43:16
[Conteúdo Patrocinado] Podcast 'Pra Falar de Educação' debate os desafios da aprendizagem de matemática
O cenário atual da aprendizagem de matemática no Brasil é alarmante: avaliações nacionais e internacionais mostram que a maioria dos estudantes brasileiros não chega ao final da educação básica com capacidade de resolver problemas matemáticos simples.Sem as habilidades necessárias para interpretar dados e informações, esses futuros profissionais terão problemas não só no mundo do trabalho como em sua rotina diária. Para analisar esses dados e, principalmente, discutir as alternativas possíveis para revertê-los, o Estúdio Folha, ateliê de conteúdo patrocinado da Folha, e o Sesi-São Paulo, produziram a série de podcasts "Pra Falar de Educação".No primeiro episódio, a jornalista Marta Avancini conversa com o economista Ernesto Farias, diretor executivo do Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional), Adilson Dalben, supervisor de Projetos de Formação do Sesi-São Paulo e coordenador da Pós-Graduação em Educação Matemática, e Laôr Fernandes, gerente de projetos educacionais do Sesi-SP e coordenador do Sesi para Todos.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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48:43
Renato Ortiz: Influenciadores são prisioneiros de seus seguidores
Como entender o significado de influenciador, neologismo que se tornou corriqueiro com a ascensão das redes sociais? O sociólogo Renato Ortiz, professor titular da Unicamp, contrapõe os influenciadores aos intelectuais, aos mediadores simbólicos —categoria que inclui os jornalistas— e às celebridades para refletir sobre o que há de novo nas engrenagens desse universo digital. Esse é o espírito de "Influência", ensaio recém-lançado em que sustenta que os influenciadores são prisioneiros da digitalidade que lhes permite existir —ou seja, estão confinados aos seus nichos de atuação na internet e são extremamente dependentes dos seus seguidores. Os influenciadores são ambiciosos, diz Ortiz, e acreditam que podem determinar o destino humano. O retrato que emerge da sua reflexão, ao contrário, aponta que a influência digital é muito menos grandiosa do que parece à primeira vista e que quem atua nesse campo se depara com uma condição efêmera, o que demanda um trabalho constante para manter os laços com os influenciados e não ser deixado para trás. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
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41:00
José Eli da Veiga: Economistas ainda pensam em crescimento eterno
Nem abandonar a ideia de crescimento econômico nem confiar nela cegamente. José Eli da Veiga, professor sênior do Instituto de Estudos Avançados da USP, recorre a essa dupla negativa para sintetizar sua análise em "O Antropoceno e o Pensamento Econômico", terceiro volume de sua trilogia sobre as ciências e as humanidades em um período de crise climática e transformação acelerada do planeta pela sociedade. No livro, o intelectual revisita escolas e pensadores à margem do mainstream da economia para sustentar que a disciplina não acompanhou o avanço da fronteira do conhecimento e ainda passa ao largo, por exemplo, da teoria da evolução e da física moderna. Em razão disso, Veiga argumenta, o pensamento econômico ignora os fluxos de energia e matéria envolvidos no processo de produção, o que faz com que economistas concebam um crescimento eterno e não se preocupem com as condições de vida das gerações futuras. Neste episódio, o pesquisador fala sobre as ideias de crescer decrescendo e decrescer crescendo, um caminho do meio entre manter o modelo atual e as propostas de decrescimento da economia. Veiga também discute o impasse em fóruns multilaterais dedicados à crise ambiental, como as COPs. Para ele, negociações entre as corporações e os governos responsáveis pela maior parte das emissões de gases do efeito estufa teriam mais resultado que encontros anuais com a participação de mais de uma centena de países. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
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44:40
Juliano Spyer: O que explica o crescimento evangélico no Brasil
Muito se falou sobre os evangélicos nos últimos anos —talvez, com ainda mais força, desde o governo Bolsonaro, quando bispos e pastores viraram personagens onipresentes da cobertura política. No entanto, para Juliano Spyer, antropólogo e colunista da Folha, persiste um desconhecimento sobre o mundo dos crentes ou um preconceito deliberado, que associa à fé evangélica à manipulação de pessoas desesperadas e minimiza a importância do segmento na definição dos rumos do Brasil. Neste episódio, Spyer apresenta uma espécie de guia para entender o fenômeno evangélico no Brasil, o mesmo espírito do livro "Crentes: Pequeno Manual sobre um Grande Fenômeno", publicado em coautoria com Guilherme Damasceno e Raphael Khalil. Na entrevista, o pesquisador diz que o segmento é muito heterogêneo —e precisa ser visto a partir da sua multiplicidade— e aponta as raízes do forte crescimento das igrejas evangélicas no Brasil nas últimas décadas. Spyer também discute a LGBTfobia e o machismo nas igrejas e fala sobre a dificuldade da esquerda em dialogar com o público evangélico. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.